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Entre balas e doces ~

Em meus 24 anos de existência, percebi que minha paixão por doces foi diminuindo. Bom, nunca fui aquela formiga louca por uma guloseima melada de tanto açúcar! Mas gostava de ir até as vendinhas do bairro gastar minhas moedas em balas e chicletes. Contava cada centavo que tinha pelo meu quarto e trocava por um saco cheio de docinhos variados, que acabavam até o dia seguinte. Era divertido ficar rodando o baleiro, sempre na esperança de encontrar algum sabor diferente. Mesmo quando não encontrava, não me importava. Estava feliz com o que via ali: bala de maçã verde, morango, coca-cola e aquela salada de fruta na parte das Dimbinhos. Me acabava. Dentre as simples às recheadas das balas, as que mais gosto são aquelas que parecem puras pedrinhas de açúcar. Coloridas, retangulares, ou até circulares com um vazio de coração no centro, estas são as que mais me dão prazer de comer. Se esfarelam a cada mordida, porque não resisto apenas aguardar se desfazer na boca. E sinto cada peda...

Contos de guardanapo ~

Já faz três anos que conheço essa cafeteria, e sempre que posso, dou uma passadinha aqui nos finais de semana para saborear um café da tarde enquanto crio minhas histórias. Gosto desse ambiente aconchegante, luz baixa, com uma decoração vintage e poltronas para se acomodar em vez de apenas cadeiras convencionais. Muitos vêm para cá para trabalhar, sejam adultos ou jovens. "Café" e "Produtividade" combinam, não tem como negar. Porém, ao contrário da maioria, não trago meu notebook para cá, e sim meu bom e velho caderno. Não me sinto segura de sair por aí com uma artefato caro por essas ruas paulistanas, ao menos um caderno e uma Bic (ou lapiseira) são muito menos tentadoras de serem roubadas do que um computador portátil. Às vezes, venho para esse tipo de lugar não apenas para criar, mas também para prestar atenção às conversas à minha volta. Não, não faço isso porque gosto de cuidar da vida alheia. Na verdade, meu intuito é ouvir diferentes histórias que ...

Refúgio caótico ~

Às vezes, tudo o que mais quero é me esticar num gramado e sentir o solzinho de inverno tocar minha pele, enquanto um bando de maritacas se exaltam numa árvore próxima.  Não conheço muitos lugares no meio da cidade para isso, e faz uns anos que passei a ter uma visão negativa dos parques de São Paulo: pedaços de terra “ilhados” em meio à selva ~suja~ de pedra, que tentam passar a falsa impressão de que aqui na metrópole, você ainda pode se manter conectado à natureza.  Parece uma forma de tentar compensar a enorme poluição química/visual/auditiva/psicológica que Sampa bombardeia diariamente sobre nós. Fico sentada num desses parques, cercada  por árvores, gritos de criança, ouvindo as buzinas nervosas do outro lado do portão, sem encontrar a calmaria primária que eu procurava.  Consciente de que ainda me encontro em meio ao caos.  Vivendo uma experiência artificial do que eu desejava. Cidadãos que não parecem enxergar o mundo em que vivem; olh...

Café com letras ~

Sou uma viciada em café. E em livros. E em ambientes aconchegantes. Aí você junta esses três elementos e pronto, meu organismo se afoga em serotonina. Café e um livro combinam. Um sofá com mesinha combinam. Um livro sobre essa mesinha combinam. Por que não adicionar um café nela também? Beber café é um ritual. Aprecio cada gole da bebida, sem pressa de acabar, usufruindo de cada gotícula que percorre minha língua. Não funciona se estou com pressa. O mesmo ocorre com leituras: preciso estar num lugar favorável, tranquilo, para absorver cada palavra. É como se estivessem num mesmo mar em que podemos mergulhar, sem correr o risco de afogar uma ou outra. A melhor coisa que fizeram foi adicionar uma cafeteria numa livraria. O ambiente entre livros é extremamente confortante. Todos absorvidos entre as prateleiras, olhando capas, folheando páginas, ou sentados num canto lendo previamente alguma publicação. Há uma concentração ali, e junto dela um agradável silê...

Isso não é um cachimbo ~

Em muitos momentos em que saio para fotografar, recordo-me da obra de René Magritte "Ceci n’est pas une pipe" (Isso não é um cachimbo). Fotografia é uma arte, e com certeza não fugiria da ideia de que é apenas uma representação de uma cena (ou objeto), não a cena em si. Pode parecer óbvio, mas na hora não se passa na cabeça, até o instante em que não consigo registrar com exatidão o que está à minha frente comparada em como aquilo se parece aos MEUS olhos. É extremamente frustrante quando visualizo algo com tanta beleza, mas pela tela da câmera essa beleza se perde. Não importa o ângulo ou configurações que aplico, nunca sai com a mesma perfeição que meus olhos enxergam. Sempre busco em minhas fotos expor o melhor do objeto em questão, ou quando um conjunto de elementos se juntam harmoniosamente, tento captar essa harmonia, mas nem sempre consigo. Não sei se eu deveria estar chateada com algo assim, até porque minha visão nunca será igual a do...

Garrancho nosso de cada dia...~

Lembro nitidamente de meus tempos de escola que todas as garotas da sala, independente se estávamos na quarta série, tendo 10-11 anos, tinham letras LINDAS.  Sempre que alguém precisava pegar matéria para copiar, era sempre escolhido o caderno de alguma das alunas, de preferência a mais CDF, mas podendo ser de qualquer uma, desde que fosse menina.  Os garotos geralmente tinham aqueles famosos garranchos, e alguns piores que dos outros, carinhosamente referidos mais como hieróglifos do que letras. E se algum tinha letra bonita, era motivo de espanto para a sala.  Em dias de prova, lembro de professores pedindo com todo amor do coração para que os alunos escrevessem com letra legível, porque era quase impossível corrigir questões que eles nem sabiam o que estava escrito. Por um tempo, lááá no prézinho, os professores costumavam utilizar cadernos de caligrafia para que treinássemos a letra cursiva. Praticamente todo dia tinha lição de casa usando-o, para sempre fi...

Vai de Bic? ~

Os atletas têm seus equipamentos prediletos. Os cozinheiros seus utensílios.  E os escritores suas canetas.  Nem precisa ser profissional para ter preferências, basta gostar de escrever. Desde criança sou apaixonada por papelarias. Sempre que tinha chance entrava em uma. Até hoje carrego esse hábito. É automático me enfiar nos corredores cheios de canetas diferentes, me despertando tremeliques e paixões. Uma caneta é mais do que uma caneta; é minha companheira de trabalho e criação. Ela que transfere minhas ideias para o mundo real, seja em palavras ou rabiscos, dando um toque único e pessoal às anotações.  Por isso, é sempre um ritual quando uma acaba e preciso comprar outra.  Sou dessas que adora testar canetas diferentes, avaliando a cor da tinta, como sai da caneta, se borra muito, como desliza pelo papel, a “maciez” na hora de escrever, praticidade, estética, etc.  Ao contrário de muitos, sou adepta às pontas médias à grossas. Sinto um confor...

Quando a mente te diz "NÃO" D: ~

Sabe quando você pensa em fazer algo, e pouco tempo depois simplesmente esquece?  Na tentativa de tentar recordar, refaz todos os movimentos executados, volta aonde estava minutos atrás, tenta refazer toda a linha de pensamento anterior apenas para ver se aquela ideia lhe volta à cabeça.  Durante um bom tempo de minha vida isso me intrigava bastante. Até hoje acabo me frustrando quando vou fazer alguma coisa mas não lembro o quê.  Porém, mais frustrante do que isso, é você ter uma ideia mirabolante para criar uma história nova....e simplesmente trava. Não porque esqueceu. Pior: por não saber como dar vida à ela. Quantas horas passei na frente de uma folha em branco sem ideia de como iniciar um texto!  A ideia está ali, acenando na minha cara, mas não consigo achar um contexto para ela.  Paro para tentar organizar num rascunho a parte, tentar ver o que por em cada parágrafo, como finalizo... Até aí é tranquilo; várias vezes comecei histórias pelo meio,...

Frio é a época mais quente ~

Quem me conhece sabe do amor que nutro pelo frio. Não interessa se fica mais difícil para entrar no banho ou levantar de manhã, a baixa temperatura sempre terá um espaço em meu coração.  Dias assim são ótimos para passear. Andar por aí sem ficar transpirando e precisando segurar a blusa não é comigo. A temperatura mais amena, que te deixa perfeitamente confortável na roupa que está vestindo, também deixa o rolê mais agradável.  Apesar de parece controverso, considero o frio muito mais aconchegante do que o calor.  Aquele café ou capuccino fica muito mais atrativo, e nada mais gostoso do que esquentar a mão em contato com a caneca.  A fome também aumenta, ficando perfeito para desfrutar daqueles alimentos mais quentes ou sopas mais elaboradas (Udon, Lámen, Karê, etc).  Tudo parece que fica mais gostoso, principalmente doces cremosos e beeem chocolatudos (e olha que não sou fá de doces). Admiro muito a paisagem nublada que adorna o ambiente. Mes...

Questão de Ângulos e Perspectivas

Todos os dias passo pelo mesmo caminho, vendo o mesmo cenário, mesmas árvores, mesmos prédios, mesmos tudo.  Já é costume ter que passar por essas ruas e se deparar com as mesmas esquinas.  Hoje, decidi fazer um pouco diferente para sair do piloto automático. Tomei um caminho alternativo para chegar ao meu destino, mas nada de muuuito especial.  Comecei trocando o lado da calçada. Sempre vou pela direita por não precisar atravessar a rua. Não gosto de ficar parada aguardando o fluxo de carro cessar.  Hoje saí de meu conforto e o fiz. Além disso, por que ir pela mesma reta se há um caminho pelas escadas? Subi. O dia estava gostoso, nublado, com um vento gelado percorrendo todo o lugar sem parar.  Parei por um instante para senti-lo, e vê-lo agitar as folhas das árvores e plantas do chão.  Não era a primeira vez que andava por ali, mas era a primeira que eu parava para observar e sentir tudo à minha voltar interagir ao mesmo tempo.  ...