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Isso não é um cachimbo ~

Em muitos momentos em que saio para fotografar, recordo-me da obra de René Magritte "Ceci n’est pas une pipe" (Isso não é um cachimbo). Fotografia é uma arte, e com certeza não fugiria da ideia de que é apenas uma representação de uma cena (ou objeto), não a cena em si. Pode parecer óbvio, mas na hora não se passa na cabeça, até o instante em que não consigo registrar com exatidão o que está à minha frente comparada em como aquilo se parece aos MEUS olhos. É extremamente frustrante quando visualizo algo com tanta beleza, mas pela tela da câmera essa beleza se perde. Não importa o ângulo ou configurações que aplico, nunca sai com a mesma perfeição que meus olhos enxergam. Sempre busco em minhas fotos expor o melhor do objeto em questão, ou quando um conjunto de elementos se juntam harmoniosamente, tento captar essa harmonia, mas nem sempre consigo. Não sei se eu deveria estar chateada com algo assim, até porque minha visão nunca será igual a do...

"Bufo & Spallanzani", de Rubem Fonseca ~

Na busca de histórias diferentes que fogem daqueles romances idealizados água-com-açúcar, com descrições mega detalhadas, personagens transbordando intensos sentimentos sem contexto, uma amiga me apresentou ao Rubem Fonseca. Queria conhecer narrativas sob uma visão “mais masculina”, sem todos aqueles terecotecos melosos enfeitando cenários e personagens típicos de livros voltados ao público feminino.  Algo simples, objetivo e direto. E encontrei isso no Sr. Fonseca. Esse não foi o primeiro livro que li desse autor, e sim “O Seminarista” (obra maravilhosa também, que futuramente pretendo fazer um post sobre). Porém, é tão incrível quanto.  Confesso que em “Bufo & Spallanzani” eu nada conhecia (descobri hoje que tem até filme BR dele), nunca tinha lido sinopse, visto resenha de alguém, nada. Foi um tiro no escuro.  Como gosto do autor, escolhi aleatoriamente alguns livros deles num sebo de Guarulhos, já julgando que qualquer um que eu pegasse não me desapontari...

Pneus também possuem histórias ~

Qual é o protagonista das histórias que você lê? Uma garota ou um garoto? Um homem ou uma mulher? Animais antropomorfizados? Seres mitológicos? Heróis? Uma árvore?  Com certeza você já leu diversos contos e narrativas com os mais diversos “tipos” de personagens centrais. Mas aí eu te pergunto: já leu a história de um pneu? “Ora, mas quem escreveria isso? E POR QUE escreveriam isso?“  Aí eu que te pergunto: por que NÃO escrevê-lo? Todo mundo tem uma história para contar, mas nem todos possuem alguém para escutá-la. Um mero e redondo pedaço de borracha como eu dificilmente atrairia os olhos de alguma pessoa. Poucos, pouquíssimos mesmos, gostam e notam a gente.  Quando expostos num mercado, a maioria dos que estão ali apenas verbalizam um “Nossa, que cheiro forte de borracha nova!” ao passarem por uma pilha de nós. Ou na rua, quando um carro derrapa, esbravejam “Que fedor de borracha queimada!”. Mas olhar para nós e admirar, raros. Não lembro exatamente quando f...

Questão de detalhes e perspectivas ~

Quem me conhece sabe como gosto de tirar fotos. Não sou nenhuma profissional, nem fiz cursos, apenas tenho como hobby registrar momentos e cenários que vivo no dia-a-dia. Por mais que passemos quase sempre pelos mesmos lugares de segunda a sexta, essa mesma cena pode se transformar em outra dependendo dos olhos de quem vê. Em minhas fotos, gosto de tentar pegar ângulos diferentes de lugares que estamos habituados, na tentativa de capturar o melhor que eles tem a oferecer, numa perspectiva que na maioria das vezes passa batido pelas pessoas. Um dos vastos gramados dentro da USP Butantã Além disso, certos detalhezinhos acabam sendo ignorados. Ao contrário dos objetos mais fáceis de serem detectados pela nossa visão, principalmente aqueles que ficam na altura de nossos olhos, muitas minuciosidades carregadas de beleza e detalhes próprios simplesmente tem sua existência esquecida, ou julgada como de pouca importância para darmos a devida atenção. Adoro reparar em cada pedaci...

Eragon - Ciclo da Herança ~

Passados nove anos, finalmente terminei o Ciclo da Herança! Comprei o primeiro livro da série em 2009, mesmo ano em que saiu o filme aqui no Brasil. Como adorava livros de fantasia, ainda mais sabendo que tinha dragões envolvidos, resolvi apostar na história. A série, escrita por Christopher Paolini, se passa em Alagaësia, terra dominada por um rei tirano chamado Galbatorix (e seu dragão Shruikan), um antigo Cavaleiro de Dragão que se voltou contra os outros cavaleiros, derrubando todos que não se aliaram a ele. Anos depois, Eragon, um jovem camponês (nada muito diferente do clichê) que leva uma vida humilde no sítio de seu tio Garrow, junto com seu primo Roran, caçava na floresta quando uma estranha “Pedra azul” surge na sua frente. Após um tempo, ele descobre que não se tratava de uma pedra, e sim de um ovo de dragão. A história não foge muito do convencional: um jovem que é escolhido contra sua vontade, precisa aprender a lutar e dominar a magia, encontra ...

Faísca e Fumaça: os corvos que marcaram minha infância ~

  Quando me perguntam o que eu gostava de assistir quando criança, não é Saint Seiya nem Pica-pau que me vem primeiro na cabeça, e sim,  Faísca e Fumaça .  Não são todos que lembram desse desenho e não recordo exatamente em que ano passava na Globo. Provavelmente, foi na mesma época do Manda-Chuva , Pepe Legal e A Tartaruga Touché .  Quem não lembra do desenho, pode recordar de alguma vez alguém mais velho ter usado o nome deles para apelidar alguma dupla de amigos inseparáveis e que vivem aprontando juntos (não só eles, mas outros também, como Tico e Teco , Jambo e Ruivão , Bob pai e Bob Filho , ou até Pink e Cérebro , dos mais recentes). Faísca e Fumaça ( Heckle and Jeckle , na versão original) são dois corvos idênticos e seguiam a linha da primeira fase do Pica-pau : personagens que viviam incomodando alguém, trapaceavam, zombavam de tudo e todos, eram sarcásticos, não levavam nada a sério, ajudavam presidiários a fugir, roubavam e, alg...

Clássicos que valeram cada segundo ~

A leitura deveria ser um hábito e uma atividade prazerosa para todo mundo, porém, nem todos se entregam à montanhas de livros com essa voluntariedade e sorriso estampado no rosto. Creio que isso só piora quando a escola (ou o vestibular) força os alunos a lerem livros que, de primeira, não o interessam nem um pouco, mas por serem clássicos da literatura nacional, acabam impondo.  Não é nada agradável começar o livro e, a cada três linhas, ficar verificando o quanto falta para acabar porque já está de saco cheio dele. Ou começa a ler no piloto automático, mas mandar a mente para outra dimensão, chegando no final da página sem saber o que acabou de ser lido. Tudo se torna mais chato quando passa a ser uma obrigação. Não está fazendo porque ficou curioso e foi atrás, mas sim porque algo ruim pode ocorrer se não o fizer (por exemplo, perder nota em alguma atividade referente à ele na escola, errar todas as questões sobre ele no vestibular e ser reprovado, etc).  Por...