Quando me perguntam o que eu gostava de assistir quando criança, não é Saint Seiya nem Pica-pau que me vem primeiro na cabeça, e sim, Faísca e Fumaça.
Não são todos que lembram desse desenho e não recordo exatamente em que ano passava na Globo. Provavelmente, foi na mesma época do Manda-Chuva, Pepe Legal e A Tartaruga Touché.
Quem não lembra do desenho, pode recordar de alguma vez alguém mais velho ter usado o nome deles para apelidar alguma dupla de amigos inseparáveis e que vivem aprontando juntos (não só eles, mas outros também, como Tico e Teco, Jambo e Ruivão, Bob pai e Bob Filho, ou até Pink e Cérebro, dos mais recentes).
Faísca e Fumaça (Heckle and Jeckle, na versão original) são dois corvos idênticos e seguiam a linha da primeira fase do Pica-pau: personagens que viviam incomodando alguém, trapaceavam, zombavam de tudo e todos, eram sarcásticos, não levavam nada a sério, ajudavam presidiários a fugir, roubavam e, algumas vezes, até eram presos.
Hoje em dia pode ser visto como um péssimo exemplo para as crianças. Nada politicamente correto, ainda mais porque em alguns episódios eles se davam bem mesmo estando errados (o que poderia ser interpretado como "o crime compensa" ou que ser trapaceiro é vantajoso).
Os corvos em si não usavam ~tanto~ da violência para lidar com seus inimigos, que na maioria dos casos eram mais vítimas. Em um momento ou outro eles até martelam a cabeça de alguém, quebram vasos, derrubam, mas no geral, apelam mais para a malandragem e enganando-os, evidenciando ao extremo como seus adversários eram bobos e facilmente manipuláveis.
Mas nada fora do normal em animações infantis antigos. Se o outro for esperto demais, não teria graça (como, por exemplo, se o Coyote fosse muito mais esperto que o Papa-léguas, não haveria história porque rapidamente seria abatido).
O desenho foi criado por Paul Terry em 1946, e foi uma das primeiras animações que usavam essa ideia de gêmeos idênticos. Dificilmente você consegue dizer quem é quem, pelo menos na versão dublada. Na original, Faísca (Heckle) apresenta um sotaque americano do Brooklyn, enquanto Fumaça (Jeckle) possui um sotaque inglês.
Curiosamente, seus nomes foram inspirados no Dr. Jekyll e Mr. Hyde, do livro O Médico e o Monstro. Os episódios são curtos, geralmente não passam de 7-8min, possuem mais ação do que falas e, como Tom&Jerry, Pica-Pau e antigo Looney Tunes, a música de fundo e algumas "onomatopeias" da animação são sempre acompanhadas de músicas instrumentais.
Além do desenho animado, a dupla também possuía sua própria revista em quadrinhos.
Assistindo hoje, em meus 24 anos, vejo como os dois irmãos eram malvados, maliciosos e com conduta e linha de pensamento duvidosas. Na época só achava engraçado, e não, nunca os tomei como exemplo a se seguir. Não devia ter nem seis anos na época; estava mais interessada em rir com o desenho do que ficar pensando em mensagens filosóficas que poderia estar sendo passada.
Até hoje adoro rever desenhos antigos, seja quando passa na TV ou pela Internet mesmo. Possuem um humor bem simples, nada forçado, e é bem leve de assistir nas horas vagas para desestressar ou para acompanhar alguma refeição.
Se você se interessar pela animação desses dois corvos, é possível encontrar alguns episódios no Youtube.
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