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Resenha: "A Morte de Ivan Ilitch", de Lev Tolstói

Deve fazer seis anos desde que li um livro de um russo pela última vez, lembro que ainda estava no cursinho quando peguei “Noites Brancas”, de Dostoiévski. À propósito, um conto excelente. Ainda me recordo da narrativa, da tristeza do personagem, porém, não me identifiquei tanto como nessa novela de Tolstói. Como o próprio título já diz, esse livro conta a história de Ivan Ilitch antes de sua morte. Talvez, saber apenas isso não é muito atraente para fazer alguém ter vontade de ler. “Uau, fala da vida de um cara aleatório”. Porém, o que surpreende ao decorrer da novela é a sensibilidade colocada em cada linha. Ivan Ilitch era um juiz super dedicado à carreira, admirado pelos colegas (e invejado por outros), ganhava super bem, vivia entre a alta sociedade, no meio de pessoas de posição elevada, era casado, tinha filhos, etc. Um dia, enquanto arrumava seu novo apartamento, sofre uma queda e se machuca. Entretanto, achando que não foi nada, continua seguindo a vida normalment...

Os talentos agraciados pela pobreza ~

Quando se é pobre tem que ser criativo!   Taí uma sabedoria que nunca vou esquecer. E principalmente, não deixa de ser esquecida, sobretudo nos momentos da vida em que o dinheiro está curto. Otimista como uma boa sagitariana, tentei ver o lado bom dessa situação.  Estando ciente que é praticamente impossível no momento conseguir alguma fonte de renda a mais, adicionado ao fato de que faz dois anos que quero mudar a cara do meu quarto, e ainda que sou uma doida por cosméticos/maquiagem, tive que buscar uma solução para manter isso tudo sem comprometer o bolso. Bem, desde criança fui incentivada a realizar trabalhos manuais. Sabe aquele negócio de criar brinquedos e afins utilizando sucata? Reaproveitar tudo o que não usa ou vai pro lixo para transformar em algo útil?  Pois bem, com base nisso que tenho pensando em algumas “criações”. Busquei na internet alguns DIY com coisas que temos em casa sobrando. Nisso, me veio a ideia ~ e paciência ~ de fazer: -...

Resenha: "A Menina Submersa: memórias", de Caitlín R. Kiernan ~

Um livro difícil de se explicar... A Menina Submersa: memórias foi um livro que me surpreendeu; totalmente diferente de tudo que li até hoje (que não foi pouca coisa). Uma literatura contemporânea que te tira da zona de conforto. A história é contada por India Morgan Phelps, mais chamada de Imp. De início, ela fala que escreverá uma história de fantasmas, não exatamente no sentido “espiritual” de almas penadas, mas sim de lembranças, imagens e até canções que a perseguem por sua vida; ficam ali, vivas em sua mente não deixando de serem esquecidas. E bom, dentre esses “fantasmas”, há pessoas também, como sua mãe e sua vó, mais especificamente as lembranças e ensinamentos que tivera delas, além de outra em especial: Eva Canning. Esta, foi a que mais me intrigou, e terminei o livro sem saber se era real ou não. Não falarei muito sobre ela para não dar spoiler, apenas digo que Imp, certa noite, encontra Eva (nua e aparentemente molhada) de pé na beira da estrada. O que ocor...

A Alice "das Maravilhas" ~

Essa é uma dessas histórias que nem eu sei se foi verdade. Ou foi verdade, mas não real. Ou real, com algumas partes de verdade. A outra seria mentira? Ou apenas delírios? Difícil dizer, e na real (essa é real mesmo), não estou a fim de pensar sobre essa questão, depois você se ocupa com isso. O que vou lhe contar ocorreu no último verão. Pelo calor, acredito que era no verão sim, quase certeza. Perdoem se estou meio confusa, minha mente anda uma bagunça. Já nem sei mais quando estou desperta ou em fantasia. Posso estar aqui, contando-lhe essa narrativa, mas nem por isso lhe garanto que meu espírito está de fato nesse lugar. Não sei mais quando estou realmente acordada.  Morava numa cidadezinha no interior de São Paulo, meio isolada do resto do mundo. Minha casa ficava um pouco afastado do resto da cidade, numa área onde só há pequenos sítios. A maior propriedade por lá é a Fazenda Iaciara, que abriga um enorme rebanho de Nelores. Constantemente passeava pela es...

Café com letras ~

Sou uma viciada em café. E em livros. E em ambientes aconchegantes. Aí você junta esses três elementos e pronto, meu organismo se afoga em serotonina. Café e um livro combinam. Um sofá com mesinha combinam. Um livro sobre essa mesinha combinam. Por que não adicionar um café nela também? Beber café é um ritual. Aprecio cada gole da bebida, sem pressa de acabar, usufruindo de cada gotícula que percorre minha língua. Não funciona se estou com pressa. O mesmo ocorre com leituras: preciso estar num lugar favorável, tranquilo, para absorver cada palavra. É como se estivessem num mesmo mar em que podemos mergulhar, sem correr o risco de afogar uma ou outra. A melhor coisa que fizeram foi adicionar uma cafeteria numa livraria. O ambiente entre livros é extremamente confortante. Todos absorvidos entre as prateleiras, olhando capas, folheando páginas, ou sentados num canto lendo previamente alguma publicação. Há uma concentração ali, e junto dela um agradável silê...

Resenha: Discurso do método, de René Descartes ~

Quem diria que eu demoraria tanto tempo para ler um livrinho de 50 páginas! Essa foi a primeira vez que leio uma obra de René Descartes, filósofo, físico e matemático francês, fundador da filosofia moderna, que viveu entre 1596 à 1650. Apesar de curto, não chega a ser uma leitura light como histórias e novelas convencionais. Talvez por isso, exigiu um tempo a mais do que esperado pois, a cada parágrafo, eu parava ora para reler para compreender o que estava escrito, ora para pensar sobre o que tinha lido. Definitivamente não foi um bom livro para ler no metrô pois exigia bastante atenção, o que não é possível porque fico com uma parte de mim atenta ao meu redor, não dando a atenção devida às palavras de Descartes. A pesquisa de Descartes   Esse livro foi escrito numa época em que todas as publicações filosóficas eram escritas em latim, sendo, portanto, acessível apenas para os conhecedores dessa língua; isso é, a sociedade “mais culta”. Descartes, com seu Discurso do Méto...

Isso não é um cachimbo ~

Em muitos momentos em que saio para fotografar, recordo-me da obra de René Magritte "Ceci n’est pas une pipe" (Isso não é um cachimbo). Fotografia é uma arte, e com certeza não fugiria da ideia de que é apenas uma representação de uma cena (ou objeto), não a cena em si. Pode parecer óbvio, mas na hora não se passa na cabeça, até o instante em que não consigo registrar com exatidão o que está à minha frente comparada em como aquilo se parece aos MEUS olhos. É extremamente frustrante quando visualizo algo com tanta beleza, mas pela tela da câmera essa beleza se perde. Não importa o ângulo ou configurações que aplico, nunca sai com a mesma perfeição que meus olhos enxergam. Sempre busco em minhas fotos expor o melhor do objeto em questão, ou quando um conjunto de elementos se juntam harmoniosamente, tento captar essa harmonia, mas nem sempre consigo. Não sei se eu deveria estar chateada com algo assim, até porque minha visão nunca será igual a do...